E porque hoje apetece-me contar uma história dentro de contexto aqui vai:
reza a lenda que Prometeo roubou o fogo aos deuses, e apesar do perigo que recaia sobre ele, entregou o fogo ao Homem. Zeus, louco de raiva, inflingiu-lhe o Titan e condenou-o a uma vida imortal de sofrimento. Posto isto, Efesto atou Prometeo, com as correntes inquebráveis que construìra, para que uma águia enviada do Supremo Olimpo lhe come-se as entranhas, as vísceras, as tripas enquanto o sol lhe queimava a pele. Prometeo, na sua condição imortal curava-se durante a noite para que durante o dia padece-se de um novo, e igual, sofrimento.
Desde então, até os dias de hoje o Homem aprendeu a dominar o fogo, descobriu a suavidade e o gosto da carne assada. Prometeo deu a possibilidade de homens e mulheres se reunirem em torno do fogo para festejarem a arte do encontro.
Gordon Child no seu livro "A Revolução do neolitico" escreveu que nesse período histórico "as mulheres são da casa, os homens da caça." Nesta época os jovens e benjamins ocupavam-se de alegrar a festa dancando rituais, perpetuando as tradicções e apreendendo os seus códigos. O primógenito, macho dominante, caçador, corta, serve a carne e decide quem deve devorar a melhor peça. É o seu orgulho, é a sus hegemonia.
Para fazer uma boa Parrilla è preciso ter em conta a história do fogo. É preciso fogo, carne, carvão, chouriços, família e amigos. Para que se dedique à família a dádiva de partilhar uma mesa, uma conversa, muitos sorrisos e ter o prazer de ver toda a magia do encontro acontecer. Quando estou com a minha família à mesa numa boa conversa, a partilhar uma refeição tudo se ilumina, os problemas tornam-se mais pequenos e pensamos: "Que bom poder estar aqui!".
Penso que o êxito de uma Parrilla não reside na guasacaca (molho que a acompanha) ou na yuca - apesar de serem importantes-, se não em tudo o que está à volta dela. Por isso tenho dito que a cozinha é um lugar de encontro e união numa festa. Sim! Perto, muito perto do calor do fogão.
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